1/27/2004

Estrebaria democrática

O Ministro Tossiu
O Povo, esse nem Mugiu.

Fábula entalada de La Fontaine

Apesar da certidão de óbito garantir que La Fontaine morreu de morte natural, após exaustiva autópsia carimbada pelo Prof. Pinto da Costa do Instituto de Medicina Legal, o literato Galarza continuava a desconfiar de uma morte macaca. Escreveu uma tese de doutoramento que lhe valeu uma menção honrosa no Fantasporto em que, após apurados estudos tubercológicos, estava em condições de efabular a verdadeira causa da morte do fabuloso fabulista francês.
Segundo Galarza, (não confundir com Jagunço Galarça, o célebre braço direito de Odorico Paraguaçu, na telenovela com o mesmo nome), La Fontaine morreu de asfixia, com uma Fábula entalada na garganta.
No dia seguinte aó anúncio desta fantástica descoberta, a Cigarra ao ler a notícia no Blitz, não foi capaz de disfarçar um malicioso sorriso, acompanhado de um quase imperceptível - É bem feito!

Telecinética útil

Nunca achei que fosse muito telegénico ou fotogénico e então decidi dedicar-me ao estudo da telecinética. Comprei alguns livros aos quadradinhos que versavam sobre o assunto (o Superpateta é uma autoridade na matéria) e fiz um curso rápido na Internet.
Depois comecei a aplicar os meus conhecimentos e dobrei as colheres de prata do serviço de chá da minha Tia Palmira.
Só com a força da mente, e sem saír do meu sofá e largar o comando da televisão, comecei a dobrar maçanetas, a fazer voar as molduras com fotografias de antepassados que eu nem sequer conhecia, e até consegui estilhaçar em mil cacos o daolmata de louça que me saíra em rifa no último jantar de Natal lá da repartição.
Tendo já o dom domesticado, decidi começar a usá-lo para o bem, em vez de o desperdiçar em telecinéticas inúteis, como dobrar merdas de latão.
A partir de então, passei a abrir a porta do frigorífico e a fazer voar os cubos de gelo para dentro do meu copo, onde antes aterrara uma dose generosa de rum.
Desde que domino a técnica de dobrar objectos nunca, mas nunca mais me faltou o gelo no copo ou me dobrei na presença da autoridade (ou da falta dela), até porque raramente me movo do sofá, tudo o que eu preciso se passou a deslocar até mim.
Este egocentrismo não me impede de uma cidadania activa, e por isso madei um SMS para o Canal SMS da TV Cabo, escrevendo o seguinte e profundo pensamento: "Gelo à farta é sinónimo de uma sociedade avançada. Gelo à míngua é a metáfora de uma sociedade incapaz, feita de barmens incompetentes". É este o meu contributo para o progresso da Humanidade e a melhor forma que encontrei de tornar a telecinética útil.

E tudo o Bento levou

O Bento palitava os dentes, enquanto o Marquês cofiava o longo hirsuto bigode, apresentando sinais de evidente nervosismo, à medida que ia derretendo as résteas da fortuna de família nas mesas de jogo do Casino da Figueira.
O Marquês era de Estarreja, o Bento nem por isso.
Não foi portanto uma questão heráldica que levou o Bento à fortuna, arrebanhando toda a mesa de black jack do Casino figueirense. Com o dinheiro do "saque" o Bento tem hoje uma marisqueira em parte incerta e em homenagem ao seu benfeitor, chamou-lhe "Bento, o Marquês dos Mariscos". O Marquês, esse trocou a gula do caviar e do champagne, pelo sabor mijão do tremoço e do tinto carrascão. É esta a história de tudo o Bento levou e do Marquês do Tremoço, que escutei no outro dia do taberneiro da adega dos Passarinhos no Cais do Sodré, enquanto aviava um branquinho e esperava pelo combóio para a Cruz que Brada.

Flagrante delitro

O Marketing teve uma ideia (finalmente)
O Director-Geral aplaudiu. E foi assim que passou à linha de produção a cerveja "Flagrante" em garrafa de litro. O slogan publicitário de lançamento era "Flagrante delitro" e o spot publicitário mostrava uma bela ariana de cronologia balzaquiana numa Sala Déco gorgolejando litradas de cerveja com um escultural afro-americano de um ébano perfeto na pele. Entregavam-se a jogos de amor e bebiam cerveja pela garrafa quando são surpreendidos pelo marido cornudo e engravatado (não necessariamente por esta ordem). O slogan final mostrava a garrafa "Flagrante delitro", ideal para amar - e mostrava depois o marido cornudo a embebedar-se numa tasca, com uma voz off dizendo - ou para esquecer.
Foi assim que nasceu a cerveja Flagrante de litro, um sucesso de vendas para azar da pevide que é mais amázia do tinto do que da levedura.
Uma pevide fodida e na penúria a bem da prosperidade do tremoço.

Nádegas ancestrais

Era uma longa tradição familiar que corria de geração em geração na nobre casa dos Almeida.
Já desde a época da restauração dos Almeida, que os patriarcas passavam os ensinamentos e a apurada técnica para os seus rebentos varonis. E, sempre assim foi, em gerações que se esfumam nas brumas da memória.
Manda a tradição que na nobre casa dos Almeida, o varão imberbe se inicie nas lides aristocráticas de gentil-homem passando a mão pelo pandeiro perfumado das desprevenidas criaditas, para poder então estar apto a iniciar-se na mais exigente e perigosa lide de beliscar com ardor juvenil as abundantes nádegas da sopeira.
A apurada técnica da beliscadela passou de geração em geração até que um dia , uma sopeira de Mirandela, já mulher entradota e expedita na farpola e sabichona de cátedra dos segredos da flatulência, se decidiu peidar respeitosamente para o velho Conde Almeida, o último varão da nobre estirpe.
À mínima beliscadela a sopeira de Mirandela soprava um sonoro peidola cujos aromas afastavam rapidamente o Conde de Almeida e o impediam outros ímpetos que o seu murcho instrumento varonil, por vezes ainda ordenava.
Beliscadela era bufa certa, e este invulgar reflexo condicionado levou o Conde de Almeida a escrever um tratado sobre a flatulência, intintulado "A peida da sopeira, ladra como o cão do Pavlov".
A sopeira que era analfabeta, mas não era bruta, pediu ao sacristão para lhe escrever uma carta a título póstumo, graça que o moço sacristão lhe concedeu a troco da realização de um tara própria dos cordeiros entesoados da Apostólica Romana - papar as hóstias nas pantagruélicas tetas da sopeira. A carta, que ficou célebre nos meios aristocráticos e eclesiásticos de Trás-os-Montes, e lavrava em título os seguintes dizeres: "Vá tomar no cú, ó conde". O cão do Pavlov não foi tido nem achado no assunto, mas a partir daí é possível encontrar muito rafeiro para lá do Marão, que responde à voz do dono por Pavlov. Em Mirandela, as gentes mais antigas também adquiriram o hábito de usar como sinónimo de peido, traque, farpola ou bufa - a expressão - que ganda Pavov, a feijoada caíu-te na fraqueza.
No nobre solar dos Almeida, o 25 de Abril e a morte do Conde veio pôr cobro à egrégia tradição da beliscadela como iniciação nos prazeres da carne. O solar apalaçado foi reconstituido em Turismo de Habitação para velhas alemãs que no Verão ali vão para a beira da piscina fazer topless, untar-se de cremes e fazer olhinhos ao imberbe jardineiro. Ai que saudades da aristocracia!

Higiene oral e pensamentos ociosos

"Estou demasiado ocupado em nada fazer."

"O mérito dos poetas é morrerm novos e deixarem obra curta."

"Só há coisa pior do que a má poesia, que é poesia nenhuma."

"Na vida é obrigatório desrespeitar os sentidos obrigatórios."

"Quando me deito desacompanhado, normalmente acordo sózinho. Por vezes, acontece-me o mesmo quando me deito acompanhado."

"A mentira faz todo o sentido, desde que acreditemos nela"

"O americano suave não é um penso higiénico, porque não pensa e raramente é higiénico."

"Não me importava de ser cão, para em vez de ladrar passar a morder."

Parece uma música do Vitor Espadinha, mas afinal é um retrato do Dorian Gray

Olhei para o espelho côncavo e desconexo da Feira Popular e imaginem só quem encontrei!!?? Um retrato do Dorian Gray. Corria o dia sete de setembro, e foi em setembro que o reconheci. Perguntei-lhe - Dorian tu por aqui? Uma voz sibilina e meio afectada, no melhor estilo dandi sussurrou - shiiu, não contes nada a ninguém. - Eu que tenho o sentido de descrição de uma pedicure, não resisti.

Poesia a dias

Contratei uma poesia a dias
vai lá a casa às quartas e sextas
vai sempre a hora incerta e aborrece-me
tanto

Por vezes estou a dormir
e ela acorda-me com o som estrindente
do aspirador

Passa horas a limpar o pó das estantes,
a desarrumar-me as revistas
pornográficas
e a desordenar os tratados satânicos
os bibelots messiânicos
que uma tia minha me trouxe
da Mesopotâmia

faz todo o labor
do espanador
com um certo langor
e devagar ... exasperadamente devagar

Gosto da estante desarrumada
e de ver as minhas impressões digitais
no pó
das lombadas das revistas
e das manchas de molho
nas capas das pin-ups

Por isso arranjei maneira de me livrar da poesia
a dias
Um dia, apontei-lhe o aspirador aos miolos
ela fitou-me aterrada

e depois aspirei-a toda
para o estômago voraz
do Ariston de última geração
que uma tia minha
tinha comprado numa promoção

Voltei a ter paz
pó na estante
e impressões digitais
nas lombadas das revistas
pornográficas

E nunca, nunca mais vou ter
uma poesia a dias
a não ser que seja tão bem feita
como a da capa da Playboy

O efémero da foto-novela bloguística

A história de um molestador de ovelhas é uma verborreia prevertida e efémera. A iconoclastia é sacra, mas exala um último espírito, como um defunto manco da extrema unção. Por isso vou deixar esta história a apodrecer aqui em baixo até sobrarem somente as palavras, que mais não eram que leituras delirantes das imagens que lentamente se vão esfumando. Uma a uma, todas as imagens a que a história estava linkada vão esfumar-se num esquecimento vago e plúmbeo. Depois das exéquias fúnebres apenas remanesceram um conjunto de frases desconexas, desarticuladas do imaginário e sem sentido. Tal e qual como eu gosto, uma palavreado nonsense e provocatório, mas completamente desprovido de sentido.
O efémero é assim o melhor cicatrizante da arte falhada.

1/20/2004

O pastor das almas e o molestador de ovelhas

Agnes vivia em castidade, como todas as lanas caprinas daquele rebanho. Pastava toda a semana e ia à Missa aos Domingos, como toda a ovelhinha temente a um Deus cabrão.


Agnes e as ovelhinhas beatas nunca se tresmalhavam

Para a missa domingueira Agnes vestia a sua melhor lãzinha e corava sempre de vergonha, quando o Bode Tusas lhe lançava um olhar mais libidinoso na Igreja.


Agnes era muito devota a um Deus cabrão e ia à missa todos os Domingos

O Jones, dono da Agnes, havia já combinado com o Smith, que o Bode Tusas seria o macho encarregue da cobrição de Agnes.
Por isso pode dizer-se que o Bode Tusas era uma espécie de noivo de Agnes.


Smith e Jones depois de beberem umas Heineken e combinarem o arranjinho para o Bode Tusas

Nesse dia, ao voltar da missa, a jovem e pura Agnes tresmalhou-se do rebanho e vagueou perdida por montes e vales, como numa pintura bucólica de um pintor falhado-flamengo do séc. XVII.


A Agnes perdida num quadro de um pintor flamengo bêbado

Subitamente, Agnes teve uma visão do Deus Cabrão, que lhe prometia a salvação, e lhe indicava a via sacra para um colégio muito pio destinado a pequenas ovelhas tresmalhadas. Era para lá que a ovelhinha queria ir, para o Céu das Ovelhinhas.


Good sheeps go to heaven, bad sheeps go to Hell

À boleia na estrada, como qualquer ovelha vadia, Agnes estava sujeita às cabriolices e tentações do Diabo. E o pior aconteceu mesmo, sob a forma de um lobo mau disfarçado de Rabi, que prontamente lhe ofereceu boleia de moto para o Colégio Muito Pio. Afinal o rabi disfarçado, era na verdade Big Joe, conhecido molestador de ovelhas, sempre que emborcava uns whiskys acima da conta.
A incrédula e pobre Agnes aceitou a boleia, sem saber o que a esperava.


Big Joe, o conhecido molestador de ovelhas, disfarçado de Rabi, dá uma boleia a Agnes na sua Famel Zundap

Entretanto, a avô de Agnes costurava preocupações, e o enteseoado Bode Tusas percorria os prados em busca da sua noiva prometida, mas nunca consumada.


A avó de Agnes consumia-se com o atraso da neta enquanto costurava uma meias de lã para o rabi e assistia ao Goucha na TVI


O Bode Tusas vagueava pelos prados bradando - se o apanho, fodo o cabrão que me fez a folha à febra

Entretanto perto do Colégio Pio, Agnes era violentamente sodomizada por Big Joe, que sob o efeito do álcool era provavelmente o mais temido molestador de ovelhas de toda a Austrália (país onde sodomizar ovelhas é o segundo desporto nacional, a seguir a beber cerveja e falar mal dos ingleses)


Agnes perde os três com Big Joe, se fosse universitária havia três probabilidades em quatro de não ter sexo forçado
Sózinha no mundo, magoada e ainda um pouco atarantada depois da sua primeira experiência sexual forçada (em Portugal só uma em cada quatro universitárias têm relações sexuais forçadas), Agnes rumou à grande cidade, pronta a entregar-se a uma vida de vício.


Agnes chega à grande cidade, como uma ovelha campónia pronta a entrar no grande talho
Na grande cidade arranjou logo más-companhias com Pig Alexander e su banda, famosos dealers de reaggae night`s e convictos fumadores de grandes charutos de ervanária. Agnes entrou rapidamente no mundo da droga e no estábulo de Pig Alexander, o mais cool da banda reagge.


Pig Alexander e su banda - don´t eat the grass, just smoke it - foram os primeiros amigos de Agnes na Big City.
Rapidamente, Agnes percebeu que as marradinhas de Pig Alexander, não eram marradinhas de amor. Então para pagar a erva lá de casa, Alexander fez-se proxeneta de Agnes, e esta coitada, virou puta.


Agnes a ovelhinha temente a Deus, iniciou-se no ramo do comércio de carne
Agnes passou assim a alugar a sua carne tenrinha e a prestar todo o tipo de favores sexuais aos mais variados espécies. Foi puta de rua, estrela-porno e era muitas vezes convidada por fétichistas endinheirados, para grandes orgias sado-masoquistas.


Agnes passou a ser muito requisitada para orgias sado-masoch, onde os seus balidos eram muito apreciados

Farta do comércio de carne, Agnes entregou-se a outro tipo de prostituição intelectual, e iniciou-se no jornalismo de escândalos sexuais "24 Horas", onde o seu estilo era muito apreciado pelo vasto conhecimento da braguilha dos notáveis da cidade. Um dia entrevistou um tosquiador chamado Ron que era amante de uma embaixatriz, e rapidamente se apaixonou por ele, inciando aí uma tórrida relação.


Agnes a ovelha putinha rapidamente se tornou uma das jornalistas estrelas do 24 Horas

Mas o caso com Ron foi tosquia de pouca dura, e tiveram de se separar numa noite de luar, porque Ron tinha arranjado emprego num talho. Agnes conhecer um molestador de ovelhas, um proxeneta, fétichistas e sado-masoquistas, e ainda um amor de homem (sheep lover). Mas amor a sério não há como o primeiro ...


Moonlight and sheep lovers - Mas o que é feito do Bode Tusas
Depois de ter procurado Agnes por todas as pastagens, em desespero e em sobrecarga de testosterona, o Bode Tusas entrou num Mosteiro Budista e fez um voto de castidade para ver a luz. Como não tinha dinheiro para pagar nem as propinas, nem a conta da electricidade, o Bode Tusas foi trabalhar para uma loja de candeeiros.


Com o desgosto, o Bode Tusas virou candeeiro

Enquanto isso, Big Joe abandonara o disfarce de Rabi depois de um acidente com a sua Kawasaki e tinha aderido ao Movimento Punk de Manchester.
Continuava, no entanto a ser o mais Terrível Molestador de Ovelhas de todo o Hemisfério Sul. Sempre que bebia uns copos a mais, era certo e sabido que ficava mortinho por ir ao pacote de uma ovelhinha tenrinha.


Big Joe, o molestador de ovelhas, continuava a gostar delas tenrinhas, de preferência com a primeira comunhão feita, que pedófilo é que ele não era - Dá demasiada exposição mediática - explicava ele numa entrevista exclusiva dada à delegação do Algarve do "24 Horas".

1/09/2004

Orquestra de finados

O maestro morreu
e a banda não passou

A diva comovida
perdeu a voz,
os violinos carpideiros
perderam os sentidos
de tom grave o violoncelo
voltou para Viana do Castelo

O clarinete meteu baixa psicológica
O piano meteu a cauda entre as pernas
O oboé ficou feito em puré
E todos os instrumentos calaram
Quando a batuta estacionou

Na noite em que o maestro morreu
A música perdeu o som
As damas, o brilho das jóias
Os cavalheiros, o aroma de charuto nos paletós
E até o tenor metia dó
...menor

Apenas o compositor esfregava as mãos em allegro vivace
Na noite em que o maestro não desafinou

Melomaniacamente

V7

Puta que pariu o Fado !

O fado

Ou ...

Sinto um Vazio
Que me carrega
como um Escravo
de fardos,
ou de cardos

O peso da tua Ausência,
contrai o meu estômago
em espasmos de Dor.
Sofro em Silêncio,
na Sombra dos olhares dos outros
buscando o Aroma doce do teu Olhar
O Amor fugitivo escapa-se,
Com os ventos furtivos das Tardes
Revolvo o meu Âmago com ânsias,
cansaços, e cacos de memórias
Que sem ti são amnésias

O teu hálito quente desprende-se de vez da minha pele
Começamos um Romance com a vela a meio
Da Chama sobram as cinzas
E a cera que me marca as mãos
Como a Memória que se apaga
Do nosso Amor
E a glória da minha profunda Dor

Sofro em Silêncio
Mas nas quatro paredes do Meu Ser
Soam Ecos terríveis
de prisioneiros torturados,
de Sonhos flagelados,

Suspiro só
Com olhos colados nas gotas de chuva
Que serpenteiam na janela,
Com a mesma graça com serpenteava
meus dedos, nos anéis dos teus cabelos

As Lágrimas que jorram pelo meu rosto
São de Fel.
São lágrimas acres que queimam
As gotas da chuva e as Lágrimas
misturam-se num Cálice que bebo
Amargo
Como amargas são as laranjas,
Que descasco para ti, Amor,
pela Manhã

As laranjas já não são doces,
São amargas e mirradas,
As Tardes são de trevas
E as Noites de terror imaginário
Deito-me de Luz apagada,
Acordo de luz apagada

A Melancolia invade os meus dias Tristes,
Como uma epidemia Fatal
Perco-me na tua Ausência,
e alimento-me da Solidão e de laranjas amargas.

Da vida só espero a Morte,
desesperadamente e sem esperança
Porque para morrer era preciso estar vivo.
Sem ti, não estou.

ou
.... Como produzir um chorrilho de banalidades e ter o descaramento de lhe chamar Poesia.


hi, hi, hi

Despudoradamente
V7

Jotaria de Natal

Jotaria Prodigiosa

Um Jumento em JeJum
Um Jurado enJaulado
Um Jarro de sangria,
para beber à tardinha
num Jardim perfumado de Jasmins

Jota

Uma Jóia de gelo
no mindinho da Júlia Florista,
que Já vivia amancebada
com um sapo-masoquista

Jota

Um Jacobino fechado num Jerrican
Um Jesuíta nas goelas da Jibóia
Um Juíz com o dedo no nariz
Uma Jugular a Jorrar
Um Japonês a Jogar
Um Jarreta asfixiado com a corneta

Jota

Hoje é dia de Pascoal,
Bacalhau com Natas
Enquanto o Jumento pardacento
Pobre asno,
Continua a JeJuar.
Este burro Já merecia um toucinho do Céu
Ou uma cama de palha
na Palhavã
A palha é vã ?
Je ne Sais Pas.

Jota Bê, com muito

Jelo

Mar Morto

Quando me ponho a ver o mar
correm-me lágrimas salgadas pela face

As conchas
sensibilizadas,
fecham-se,
o mar comovido,
cala-se e maruja de mansinho
as ondas,
respondem ao recolher
obrigatório
a areia,
fica impávida e serena (como sempre)
as gaivotas
fingem que são estátuas de sal

o que me vale é a estrela do mar
que apesar de quieta,
continua a mexer

O mar é bom para os peixes
e para um gajo se afogar.
Se morrer é preciso
navegar não é preciso

É por isso que sou alérgico à maresia,

À poesia maruja,
prefiro mil vezes
a intruja
a sabuja
a suja.

V7