11/21/2003

Pegadas de nada

Uma dália negra, ondulava, submissa aos caprichos do vento
Um Bentley buzinava cóleras a mando de um chauffer Ferrero Rocher
Um cubo de gelo derretia, sob o calor tórrido de um whiskey
Um piano teclava ordeiro, a toque de pauta
Um rio corria certeiro, evitando os esgares das serras
Um candeeiro alumiava, rendendo a noite dos dias
Uma pétala esmorecia num túmulo de cristal
Uma gota de vinho que esvaia pela talha vazia

Um anão, com uma trela pelo cão
Um castelo de cartas, cercado de jokers
Um espelho pavloviano, sem reflexo condicionado
Um projéctil sem rumo, nem destino traçado
Um minuto sem segundos
Um dia sem horas
Um cacto sem picos
Um noves fora nada
Um silêncio sonoro
Uma vela crua de lágrimas de cera
Um sorriso sem graça
Uma colher sem açucar

Um lento e lânguido passar pela vida,
sem deixar pegadas na areia
A morrer vagarosamente, por nada...(suster a respiração)
De nada ...

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