Jantares de Natal - O que tu queres sei eu
Portugal pode ter o ordenado mínimo mais mínimo de toda a Europa para cá da antiga cortina de ferro, mas em muitos aspectos é uma nação civilizada e até cosmopolita. Temos por exemplo uma agência de segurança alimentar que quer banir os fritos e as bolas de berlim e também temos uma nova tradição - os jantares de Natal das empresas. Seguimos o modelo americano à risca, excepto na parte do sexo pós-festa de Natal, que desconfio, é o grande segredo do sucesso das jantaradas natalícias na América.
Desinibidos, os colegas de trabalho que flirtam envergonhadamente durante o ano, libertam-se em danças insinuantes e whiskys a transbordar de lascívia, mas nós por cá, raramente cruzamos a linha divisória entre os desejos reprimidos e as consequências "perniciosas" do dia seguinte, em qualquer excesso ou investida da véspera é tratado com chispa moralizante pelos nossos coleguinhas.
É por isso que encaro com muita tranquilidade o convite para o jantar de Natal do grupo Impresa, onde sou operário têxtil, marcado para hoje no Casino do Estoril.
O cosmopolita, refinado e fashion grupo de imprensa, capitaneado por Francisco Pinto Balsemão escolheu o Casino do Estoril para, embalados pelas baladas de Armando Gama, nos confortar e nos despertar sentimentos de "pertença".
Por isso, lá estarei com um fatinho coçado casual chique - conforme recomendado no convite - a derrubar com eficácia whiskys de má índole, a escutar atentamente a cancção vencedora do Festival da Canção de 1983, e a fazer todos os possíveis para não lançar olhares conspícuos às minhas colegas de trabalho, pelo menos não mais do que lhes dedico durante o ano lectivo.
É muito reconfortante pertencer a uma Nação civilizada, casual chique, sobretudo com whisky à farta, para este modesto operário têxtil com proventos mensais equiparáveis ao ordenado mínimo do Luxemburgo.
Bom Natal
1 comentário:
à conta do almoço de natal... lá me tramei ;)
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