História improvável das coisas - O cofre
Alexandre Fichet era um homem de engenho. Na escola, sempre que se avariava algo, os colegas costumavam dizer «o Alexandre arranja (fiche)». Em adulto, Fichet tornou-se um homem circunspecto por causa de um desgosto amoroso. Uma corista de vaudeville preterira o seu amor em favor de um cocheiro matulão e felpudo que tinha por hábito escarrar virulentamente nos passeios.
Despeitado, Fichet dedicou-se energicamente ao seu trabalho, esperando construir fortuna com que pudesse humilhar a sua amada. Como a sua especialidade era a serralharia, empenhou-se em aprofundar a tecnologia das fechaduras, elevando-a a um nível de perfeição tal, que foi convidado pelo Barão de Rotschild para conceber uma fechadura capaz de trancar e preservar de interesse alheio e de desastres naturais a sua vasta colecção de lingotes de ouro e de figurinhas com dançarinas nuas.
Fichet fechou-se dias e noites na sua oficina e criou o primeiro cofre à prova de fogo e de roubo. Orgulhoso da sua criação, Fichet, que tinha por defeito profissional espreitar pelas fechaduras, fechou-se no cofre. Mas, inadvertidamente, esquecera-se de criar uma combinação que o abrisse. Após o misterioso desaparecimento de Fichet, o Barão de Rotschild tomou posse da sua encomenda e mandou instalar o cofre na adega do seu palácio, num local resguardado de olhares conspícuos, junto a uma colheita de Bordéus de boa cepa.
Ironia amarga, é que aquele era o local preciso onde o seu cocheiro costumava levar uma certa corista de vaudeville para práticas sodomitas sobre as pipas de xerez, enquanto o pobre Fichet espreitava pelo buraco da fechadura do seu cofre, à prova de fogo, de roubo e de som.
2 comentários:
Realmente há coisas que valem a pena apoiar...
espreita e vê no que podes ajudar:
O Pai Natal precisa da nossa ajuda...
Os putos agradecem:
www.esteanovouseropainatal.blogspot.com/
Cumprimentos natalícios
Bem, que azar do catano! Boa história, ainda assim.
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