Que será, será
O remake americano da sua obra original, “The man who knew too much” (O Homem que sabia demais) de Alfred Hitchcock não será certamente uma das obras maiores do malicioso mestre do suspense, mas é um filme que sabe sempre bem revisitar.
Num tempo em que a melhor televisão é a da memória, tropecei com este filme no RTP Memória. Além de algumas cenas deliciosas, como a batalha de Jimmy Stewart com um espadarte na loja do taxidermista, este filme tem a singularidade da música ocupar um papel central no enredo, como se fosse personagem de carne e osso.
Primeiro na cena do atentado no Royal Albert Hall, quando o assassino (impressionante rosto esquálido de fuinha) espera pelos tímpanos da orquestra para poder disparar no momento apoteótico da sinfonia. Uma cena filmada com a intensidade e sábia gestão do tempo narrativo, de uma forma que só o matreiro mestre sabia fazer.
Depois quando Doris Day se senta ao piano na embaixada, cantando “Que será, será”, numa tentativa desesperada de tentar alertar o filho que é refém dos terroristas.
A voz cristalina e alegre de Doris Day ganha aqui uma entoação dramática, um lamento desesperado, que faz deste um dos mais belos momentos musicais da história do cinema, porque a música aqui não é uma atmosfera – é a protagonista.
Vejam e escutem que vale a pena.
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