6/22/2004

Contos Para Bólicos

Onze contra onze
As nações da Europa uniram-se para um torneio de futebol e desuniram-se para a Constituição do onze inicial.


Soluço decisivo
O guarda-redes foi acossado por um convulsivo ataque de soluços. Solidário, o avançado-centro da equipa adversária pregou-lhe uns valentes sustos.

Morte no éter
Este jogo é impróprio para cardíacos – anunciou em tom estrindete o narrador desportivo da rádio, antes de tombar vítima de uma síncope cardíaca. Uma morte etérea.

Matar saudades
O anjo das pernas tortas desceu ao relvado, fintou dois russos, um português, três centrais paraguaios, vários fiscais de linha, um “steward”, dois massagistas e uma horda de adeptos que se preparavam para invadir o relvado. Satisfeito, Garrincha voltou para o ceú para driblar toda a equipa do inferno.

Veneno digestivo
Da bota do venenoso extremo da selecção da Bolívia libertou-se um Piton que devorou toda a defesa adversária, mastigando com vagar o guarda-redes.

Perú me mata!
Que Perú – ululava a claque carioca, perante o desespero do guarda-redes da selecção do Perú.

Evolução tecnológica
Numa febre de modernidade o bandeirinha decidiu trocar a bandeirola por um tecnologicamente avançado sistema de semáforos. A TV Bandeirantes transmitiu em directo a inovação.

A ressureição
O avançado-centro morreu ao amanhecer... e ressucitou ao terceiro dia.

Filosoficamente correcto
Farto de rematar sem sucesso à baliza, o avançado-centro decidiu deixar de rematar à baliza. Uma excelente opção táctica, já que na prática o resultado foi o mesmo.

Líberus horribilis
O “líbero” cantava a plenos pulmões “O Sole Mio” e assim afastava os avançados contrários da sua área de jurisdição.

Todos nús
Num acampamento de nudistas o monitor decidiu organizar uma partida de futebol num campo pelado. O problema foi distinguir uma equipa da outra, afinal a Nike não patrocina pilas.

Bicla
Negrete trocou o pontapé de bicicleta por uma potente Kawasaki. Comprou o “on the road” do Kerouac e fez-se à estrada para o Euro.

Homo Erectus
O massagista continuava a esfregar o trinco, que envergonhado não evitou uma erecção espontânea.

Dieta táctica
Vão lá e comam a relva – gritou o treinador ao intervalo. Jarbas, o central de marcação, levou a ordem à letra e tornou-se vegetariano.

Não Vai Nuvem
O remate saíu potente e colocado. Num voo de águia, o guarda-redes estirou-se até às nuvens, e nunca mais desceu à terra.

Se te apanho ...
O árbitro soprou furiosamente no apito. Indiferentes, os jogadores continuaram a brincar à apanhada.

Apito melómano
Aquele apito era especial. Em vez do estrindente Priiiiiiiii !!!!! Soprava áreas completas de Mozart, numa gravação da Deutsh Gramaphone de um concerto de Van Karajan.

Tintol é gol
Venha outro penalti que o guarda-redes mexeu-se – escrevia o jovem jornalista desportivo, cofiando o bigodinho presumido enquanto cogitava – onde é que eu já ouvi isto?

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