8/01/2008

Diários de um turista low cost



Além disso o velho só tem CD`s do Rui Veloso, que como se sabe produz uma musiquinha capaz de intimidar a mais varonil das erecções.


Fazer amor na praia pode parecer muito romântico, impulsivo e aventureiro, mas do ponto de vista prático é muito desagradável. A areia é uma chatice, mete-se por todo o lado e pode dar-se o caso de haver caranguejos, pulgas do mar, mirones, polícia marítima ou um autarca de betoneira a programar um novo resort bem sobre o nosso traseiro ao luar.

A piada de fazer amor na praia é poder ser apanhado, mas para os devidos efeitos um elevador também serve (se não for do género claustrofóbico), ou o cinema, especialmente se for um filme do Steven Seagall com muitos tiros, explosões e sons de braços a esnocar para abafar um ou outro gemido incontrolável.

Acho que as dunas já não são propriamente como divãs, porque agora os putos fazem viagens de finalistas do 7º ano a estâncias de veraneio onde os quartinhos têm jacuzzi, e podem bem celebrar a nega a geometria descritiva com uma “cum laude” a anatomia analítica num confortável quarto de hotel com ar-condicionado e um iPod a bombar uma cançoneta lorpa dos “Tóquio Hotel”.

Se fazer amor na praia é arenoso e um bocado careta, qual é a pulsão sexual que nos resta, além do tradicional exercício carnívoro de fingir que se está a ler “A Bola” ou um opúsculo do Peixoto, enquanto se deita a esguelha à tatuagem do dragão que mergulha no fio dental da miúda com ar de pin-up. Em tipos da minha meia idade, meio gulosa e barriguda a única safa era esta febre das massagens que assola a nossa costa como campos de golfe para irlandeses bebedolas e reformados dos seguros alemães.

Não é que eu goste de massagens nas minhas banhinhas barrocas, mas gosto da ideia de haver duas mãos ali à mão para me esfregar um bálsamo nas costas. Isso dá um encanto hedonista à nossa costa. As praias do Algarve são as melhores do mundo por dois motivos – porque há massagistas profissionais e porque às vezes dá à costa uma tonelada de haxixe.
Mas um perspicaz comandante de costa topou o esquema quando virou o monóculo de Popeye para as dunas e viu uma massagista asiática a untar de óleos aromáticos o ventre opíparo de um administrador de uma empresa pública, e um príncipe do ébano a esfregar as nalgas de boas famílias de uma super-tia de Cascais. “Mau, aqui à gato”. E toca de marchar com a corveta de canhoeiras puritanas sobre esses postíbulos de trabalhos manuais a céu aberto – “Sei como começam as massagens, mas não sei como acabam”, justificou o soldadinho da batalha naval e lá mandou ao fundo o porta-aviões das massagens da pouca vergonha na costa algarvia.

Depois das bolas de Berlim, agora isto. Para mim é de mais.
Era para ir lá passar uns dias abaixo e ver se entrava à penetra numa daquelas festas do jet–set onde um gajo tem de ir vestido todo de branco como um padeiro, ou com um blazer azul e calças vermelhas como um cantor foleiro de cruzeiros, mas vale a pena o esforço já que o champanhe é à borla e a coca de qualidade.

Mas sem massagens e sem bolas de Berlim não estou para funfuns nem gaitinhas.
Acho que fico por cá e vou ali à Estefânia a uma casa de massagens de “descompressão” que sei precisamente como começam e onde acabam. Ou isso ou anúncios de relax do “Correio da Manhã” das massagistas peludinhas, a prometer turismo de matagal.
O comandante da corvina algarvia também devia meter umas férias e vir cá à capital fazer uma dessas massagens. Tenho a certeza que iria gostar da maneira como iria acabar o seu garbo naval. E já agora, senhor contra-almirante, se à vinda encontrar um embrulhinho castanho a boiar, traga também, só para o relax, afinal, férias são férias.
PS: Em dolby surround com pnethomem

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