11/07/2007

A ronda da noite e o galo-despertador



A impertinência do galo é coisa que geralmente não me incomoda, até porque acho que as galinhas e a sua insuportável estupidez, a pedir canja, merecem a arrogância machista da crista. São problemas de galinheiro que naturalmente não me dizem respeito, até porque os ovos me arruínam a paz do fígado. O que já me diz respeito é a interferência abusiva que o galo-despertador faz no meu bio-ritmo. Especialmente aquele galo nocturno que em Odivelas faz tábua rasa das horas, e cantarola de proa fodilhona quando lhe dá na real crista. Um galo-despertador destrambelhado não é de confiança e o melhor é mesmo desenferrujar a flobere, para abrir a época do coq ao vin.
Por isso, se passar a horas tardias em Odivelas e vir um miliciano de flobere à banda, não se apoquente. Não é uma limpeza étnica, nem um reconstituição suburbana da ronda da noite de Rembrandt; é apenas o último despertar do galo.

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