10/01/2007

Programas de variedades - a merda glorificada

A Televisão é uma espécie de directas do PSD - aberta às bases. Por isso mesmo serve para promover a mediocracia, a buçalidade e a insanidade. O novo "prime-time" da TV é ocupado por programas de variedades em que essas "bases" anónimas, são lançadas à fogueira da sua própria vaidade, para "cantar", "dançar", e mostrar que há uma alma e um talento de artista, escondido atrás de cada sorriso cândido da menina das portagens, ou do rapaz das tele-pizzas.
Um mínimo de decoro ou de auto-crítica aconselharia esses improváveis artistas anónimos a ficarem-se pelos karaokes familiares, as festas de despedida de solteiro ou até a solidão acústica da sua casa-de-banho. Mas não, a TV estende-lhes a passadeira gulosa, para eles desfilarem os seus sonhos irreais perante uma plateia regozijante com a falta de talento alheia. Em casa, o Sr. Amaral, reconforta-se: Esta tipa não canta um caralho! - enquanto digere mais uma amêndoa amarga e um pacotinho de amendoins rançosos.
O problema não é estes anónimos cegos pela ilusão da fama não cantarem um caralho. O problema é eles julgarem que cantam que nem um Caruso, ou se bambolearem tropegamente com ancas largas numa dança da Shakira. O problema é a cegueira e a credulidade.
O triste desta espécie merdosa de programas, é a exploração indecorosa da mediocridade e das ilusões de pessoas pobres de espírito.
Porque bem triste é andar pela vida sem ter um amigo que nos diga a verdade: "Não cantas um caralho!". Uma verdade simples e que lhes pouparia a eles muitas amarguras e aos espectadores muitos amendoins rançosos.

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