5/18/2007

Cadernos do Molusco - Notório asno

Na repescagem para a incineração de um candidato à Câmara Municipal de Lisboa o PSD conseguiu desencantar um cordeiro para imolar na fogueira eleitoral de Julho.
Fernando Negrão, um cordeiro manso com queda para a auto-fagia, mostrou ontem na sua primeira entrevista na TVI que mais do que um cordeiro manso é um notório asno.
O ufano candidato promete moralizar a Câmara e ver-se livre das centenas de assessores que o partido que o apoia lá colocou nos últimos anos; pretende também liderar o movimento de contestação à OTA, que na sua informadissima opinião é um erro histórico que está já cientificamente provado. O putativo candidato defende a ampliação da Portela e a criação de um aeroporto para low costs, tese aliás já defendida por outro opinion-maker de ideias prontas a vestir, Miguel Sousa Tavares.
Ora, não é preciso ser engenheiro aeronáutico ou presidente da TAP, para explicar a estas cabecinhas pensadoras que o low cost é um conceito de aviação comercial só possível com a utilização das infra-estruturas e a logística de um aeroporto nas horas mortas, ou seja, negociando baixos preços com as empresas do "pessoal de terra" nas suas horas vagas de serviço às rotas habituais. Por isso, pensar que se pode ter um aeroporto só de low costs é uma ideia só possível de levar a cabo por notórios asnos, totalmente desligados da realidade.
Mas, mais não seria de esperar de um homem que na sua carreira foi um tropeço como director da PJ envolvendo-se na fuga de informações para o "DN" no Caso Moderna, e que teve como prémio, a passagem pela presideência do Instituto da Toxicodependência, cargo que ocupou a fazer desmoronar uma política estruturada de anos de combate e prevenção da toxicodependência, levado a cabo por um profissional competente como João Goulão, que agora, felizmente, está a tentar reconstruir o que esta nódoa destruiu em menos de dois anos.
A boa notícia é que Negrão e a sua cega vaidade levarão o devido castigo no dia 1 de Julho, com um resultado que adivinho humilhante, para ele, e para o outro notório asno que o escolheu.

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