Poesia em flor
Entre Março e Abril
Que cheiro doce e fresco,
por entre a chuva me traz o sol,
me traz o rosto,
entre março e abril,
o rosto que foi meu,
o único
que foi afago e festa e primavera?
Oh cheiro puro e só da terra!
Não das mimosas,
que já tinham florido
no meio dos pinheiros;
não dos lilases,
pois era cedo ainda
para mostrarem o coração às rosas;
mas das tímidas, dóceis flores
de cor difícil,
entre limão e vinho
entre marfim e mel,
abertas no canteiro, junto ao tanque
Frésias,
ó pura memória
de ter cantado -
pálidas, fragantes,
entrechuva e sol
e chuva
- que mãos vos colhem,
agora que estão mortas
as mãos que foram minhas.
Eugénio de Andrade
2 comentários:
Ora não querem lá ver que o molusco se tornou num sentimentalão... eh eh... por acaso, assim que começou a Primavera também desatei a publicar fotos de flores no meu blog. Mas nenhuma das minhas flores urbanas se compara com as tuas cerejeiras beirãs! E poema do Eugénio, também não tenho... beijinhos!
Frésias
são flores com cheiro a chá.
(satysea)
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