11/29/2006

Data

Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro

Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça

(Sofia Melo Breyner)

3 comentários:

Anónimo disse...

Chá de Inverno

Jasmim da cor do chá verno
A chuva tragada pelo inferno
Com a saudade à tona do vinho
e a espinha leda na seda do ninho

Casta a crosta com o falo tingido
O silêncio engana, ainda ferindo
Malgas de farpas com pérolas cravadas
Dão à costa com o mercúrio das fadas

A passagem do defunto casulo
Passa a linha, cruza o ponto
Nada acasala, a vida o permita
Viver de sempre como eremita

Anónimo disse...

E se...

e se os atrasos do tempo sempre a horas
...
"Subtitles when we speak..."

Anónimo disse...

Sophia de Mello Breyner, sim?