Serões de província
Posso ser eu a ter um ataque de snobismo televisivo, mas o Portugal moderninho continua a ser uma autêntica bimbolândia intelectual, onde se glorificam personagens menores e se veneram peidos. Em três dias vi as conversinha melífulas e venenosas do Prof. Marcelo, agora com nova "chaperon" de voz mais gutural, mas postura pseudo-jornalística ridícula - a Flor da voz grossa. A leitura da semana do Prof. Marcelo foi previsível, cinzenta e até básica, longe do brilhantismo que lhe apregoam e que lhe valem um estranho estatuto de eminência parda da análise em Portugal. Apenas o estilo meio histérico de menino hiper-activo conseguem manter alguém acordado ao seu desfiar de banalidades, politicamente convenientes.
Seguiu-se o programa Prós e Contras, estranhamente idolatrado como uma referência no debate televisivo em Portugal. Fátima Campos Ferreira, que em países civilizados não daria mais do que mera locutora de continuidade ou apresentadora de programas de cosmética e jardinagem para donas de casa, é aqui guindada a um estatuto de super-estrela do jornalismo televisivo. Boçal, inconveniente e tendenciosa, esta senhora meio assopeirada lá conduz um debate onde os convidados são normalmente autómatos que debitam meia dúzia de lugares comuns, arregimentados em duas barricadas que pretensamente traduzem duas visões de um determinado problema, mas que na essência representam o problema da vacuidade do pensamento e da reflexão em Portugal. A presença de Aznar a semana passada foi um momento deplorável de jornalismo televisivo.
Para fechar com chave de ouro, Judite de Sousa e António Vitorino, o homólogo de Marcelo para a área socialista. Eis dois exemplos acabados de total sobrevalorização profissional, ela como jornalista ele como político. A conversa é mole e bocejante, as análises medíocres e manipulatórias.
Apesar de tudo a RTP e muitos dos intelectuais-bimbos deste país, espalhados pelos jornais e pelos partidos, aclamam estes três programas como produtos de referência do serviço público de televisão.
Bendito zapping que está a começar o "60 minutes" ou um documentário da BBC sobre a vida selvagem. Mil vezes a vida sexual dos búfalos às graçolas de Marcelo, às venetas de Fátima e ao insuportável pedantismo de Judite e seu comparsa.
A vaidade é das poucas coisas que prospera em Portugal. Um alka-seltzer, por favor.
5 comentários:
Mai nada! Gostei: depressa e bem, afinal há quem!
Acho é que não vai lá com alka-seltzer, se calhar é melhor o KGB, antes e depois: para não chegar a sentir a ressaca!
Têm sorte em ter tv cabo eu como de momento não tenho limito-me a desligar a televisão.
Que felicidade tenho por trabalhar nas horas de televisão, como sempre um exercício de excelência na descrição da decadência intelectual, espiritual e (não-)ideológica que por todo o lado se propaga. E tão triste! É mesmo melhor não ver.
Concordo com tudo mas... essa referência do "60 minutes" é que foi mau. Aquilo é só propaganda.
ò anonymous, propaganda a quê??? Sugiro que vejas melhor, ou pelo menos mais, porque o que não faltam é reportagens incómodas para o establishment e para o Governo norte-americano. Acho que só podes dizer isso baseado no preconceito, ou na ignorância, o que é praticamente a mesma coisa.
Podes até não gostar do estilo, o que respeito, agora dizeres que é propaganda é um bocado exagerado, penso eu de que.
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