7/14/2005

Esta nossa lavra


Lavrar, é talvez a palavra mais utilizada pelos jornalistas-bombeiros-incendiários do Verão do Portugal a arder. Não há peçazinha sobre fogaréu ou catástrofe devoradora que não ponha as chamas a lavrar. Talvez incontrolável seja a segunda palavra de época pouco balnear, mas tenho a certeza que lavrar é a palavra mais utilizada na imprensa portuguesa durante o Verão, talvez só suplantada pela palavra crise, que essa é menos sazonal.
Como em Portugal a agricultura só lavra subsídios, valem os nossos insignes repórteres para nos rememorar desta palavrinha trabalhosa de suor na fonte, que está gravada na testa de um País esquecido do tempo em que se lavrava a terra.
Agora lavram-se autos, sentenças e fogos.
D. Dinis, conhecido pelo seu gosto de lavrar pinhais e montes de Vénus das cordeiras de Deus ficaria decerto entristecido com o destino do seu cognome. Em Portugal as chamas lavram enquanto o repórter/narrador/de incêndios não decidir recorrer a um dicionário de sinónimos, modus operandi que é prática comum na blogosfera portuguesa.
A crise lavra incontrolável, e nós por cá entretidos com os vídeos caseiros da Diana Andringa, safa! Melhor, livra! Melhor lavra!

Provérbios
"Mais vale lavrar o nosso ao longe do que o alheio ao perto."
"Quem em Janeiro lavrar, tem sete pães para o jantar."

2 comentários:

Anónimo disse...

findo o verão colhem-se desculpas e semeia-se promessas...

Mas existe aqui uma questão,não só referente ao tema mas à autoridade em geral: Se a polícia não pode disparar a arma porque em todos os casos são considerados culpados,para quê que se vão colocar em situações perigosas? Egocentricamente falando,vale a pena?

Anónimo disse...

Seu Dudu Le Pen